Precisamos falar sobre o câncer de próstata
- 21/05/2017 às 16:20
- Alex Assis
Ainda considerado um tabu, o tema deve ser bastante discutido, assim como a importância de realizar os exames preventivos.
Em 2011, a população mundial atingiu 7 bilhões de pessoas e esse número continua a crescer a cada ano. Desse total, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população brasileira ultrapassou os 207 milhões, sendo 102 milhões homens. Apesar do grande número, todos os homens tem em comum a próstata - uma glândula localizada na parte baixa do abdômen - e no agora ou no futuro, é necessária uma atenção mais que especial, a essa minúscula parte do nosso corpo.
O câncer é a segunda maior causa de morte no mundo. Cerca de 190 mil por ano. Isso reflete os 20 milhões de pessoas que tem a doença. No Brasil são detectados 600 mil novos casos por ano e 60% descobrem apenas quando a doença já está em estado avançado. Os números são preocupantes.
Uma pesquisa, realizada em 2009, pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) em parceria com o laboratório farmacêutico Astrazeneca constatou que apenas 32% dos homens realizam o exame de toque, o que é ainda um verdadeiro tabu. A pesquisa abordou 1.061 homens das principais capitais brasileiras com idades de 40 a 70 anos.
Quando perguntados qual o principal motivo em não realizar o exame preventivo, 77% dos entrevistados, afirmaram possuir um preconceito quanto a forma de realiza-lo. O que torna o assunto bastante preocupante, uma vez que o câncer de próstata tem maiores oportunidades de cura se constatado em seu início.
Mas afinal, o que é o câncer de próstata? É o desenvolvimento de um tumor nessa região em que afeta principalmente o sistema urinário e a produção do sêmen, líquido que contém os espermatozoides. Se não tratado, expande para os demais órgãos do corpo. No Brasil é o segundo mais comum em homens, principalmente na terceira idade. Fica atrás apenas do câncer de pele não-melanoma.
Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), estima-se que, para o biênio atual (2016-2017) sejam constatados cerca de 61.200 novos casos.
O médico Drauzio Varella, conhecido por sua vasta contribuição em assuntos de saúde, no seu canal do Youtube, vai mais além e conta que a cada 6 homens que chegam aos 50 anos, 1 terá câncer de próstata – disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Vx8AyWszH-g.
A incidência é maior em idosos, contudo toda a forma de prevenção deve ser bem vista e quanto mais cedo for constatado, melhor. Atualmente não existem medidas que previnam o câncer de próstata, mas é possível realizar o diagnóstico precoce, como o exame de PSA. O PSA é um exame de sangue, em que é encontrada uma proteína produzida pela próstata. Se elevado o seu número, outros exames precisam ser providenciados. O PSA é capaz de identificar uma hipertrofia prostática, ou seja, seu aumento.
Apesar de ser um método eficiente, só a PSA não serve como prevenção. Após, um exame mais específico, deve ser providenciado. O único meio possível para chegar na próstata é através do reto. Drauzio Varella em seu canal de Youtube explica a importância de realizar o exame, uma vez que só ele é capaz de diagnosticar a doença e combater as taxas de mortalidade. Ressalta também que não é aceitável morrer por uma opinião tão pequena em relação a grande oportunidade que o paciente pode ter em continuar a viver. O preconceito deve ser o primeiro a ser tratado.
A pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia também evidenciou que o assunto é bastante comum no universo masculino. 99% dos participantes já ouviram falar ou conhecem a doença, mas apenas 56% já realizaram pelo um dos exames citados acima. 47% já realizaram o exame de PSA e como já dito anteriormente, 32% o de toque.
Mas é importante ressaltar que os dois exames se complementam e que ambos tem a sua importância. Também se aconselha que os jovens e adultos realizem como rotina o exame de PSA.
Segundo a SBU, a idade inicial para realizar os exames de próstata, é 45 anos. É preciso manter uma frequência anual. A partir daí é necessário procurar um especialista e coletar o máximo de informações possíveis a respeito.
O Brasil é um dos países com a maior incidência da doença. A mortalidade é a mais frequente na população masculina.
Nas últimas décadas, o número de pessoas com o câncer de próstata aumentou. Mas o número de mortes diminuiu, uma vez que os métodos preventivos são eficazes. A SBU informou que entre 1994 e 2006 houve uma diminuição de 4% anual na taxa de mortalidade. Em 15 anos, esse número ainda é maior, cerca de 40%.
Duas vertentes em uma família
Omar Pereira de Assis, 47 anos, divorciado nunca realizou o exame. Quando perguntado, o motivo é bem claro: “Não preciso fazer nenhum exame. Tenho uma saúde boa.” Apesar de conhecer sobre a doença, nunca demonstrou interesse em buscar maiores informações. Questionado quanto ao que acha sobre o exame de toque, com certo incômodo, responde de forma curta e grossa: “Não é coisa de homem!” Infelizmente esse pensamento não é algo exclusivo, mas sim de uma grande maioria.
Oliveira Joaquim de Assis, 78 anos, casado e pai do Omar, mesmo morando em uma cidade pequena do estado da Paraíba, sabe a importância de realizar o exame anualmente. Influenciado por suas três filhas, viaja uma vez ao ano para Campina Grande e realiza o exame. Ele nos diz que o incômodo existe sim, mas que a sua saúde é muito maior. Perguntei de onde saiu a consciência de realizar os exames e o Sr. Oliveira disse que sempre foi motivado pelas filhas.