O entardecer

É um fim de tarde frio, típico do clima da barulhenta cidade de São Paulo. Buzinas, os sons de milhares de passos apressados, artistas e religiosos tentando chamar a atenção das pessoas e eu estou sentando em um banco na Praça da Sé, com as mãos estendidas vendo o belo Sol de São Paulo começar a se esconder atrás das arcaicas fachadas dos prédios da Rua Direita. Não sei à hora exata que isto acontece, aliás, não tenho mais a noção de tempo; segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, sinceramente já não me importo. Continuo parado, tremendo, minha camisa está rasgada há uma propaganda de um antigo deputado, o nome e o número da figura não é mais possível de se ler devido à imundice de minha camisa, mas o seu lema ainda é visível e mesmo se não fosse ainda assim não sairia da minha mente “Porque me importo com você”.

Olho para as pessoas ao meu redor, as pessoas ao meu redor não me olham, a não ser a bela jovem de cabelos pretos e olhos castanhos claros que me lembra, mesmo que vagamente, as cores do entardecer daquele dia que atende ao meu pedido. Ela me dá alguns trocados, a garota provavelmente não percebeu que no exato momento que ela me estendeu suas mãos, não cheguei a tocá-las, mas eram finas e delicadas, o tempo ao meu redor parou. Não por causa dos trocados, mas sim pelos meros segundos de atenção ao qual eu anseio diariamente, logo em seguida vou agradecê-la, mas esqueço de que a noção de tempo é diferente para cada pessoa. Quando me dei conta a garota já estava longe, continuando sua apressada caminhada ao metrô. E lá estava eu novamente, parado no banco com as mãos estendidas pedindo mais um pouco de atenção.